O advogado Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho frisa que a participação feminina na política é um tema crucial para a construção de sociedades mais igualitárias. Apesar dos avanços nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas no acesso a cargos de poder. Para combater essa desigualdade estrutural, muitos países adotaram cotas de gênero na legislação eleitoral e outras formas de ações afirmativas. No Brasil, essas medidas têm sido amplamente discutidas, mas sua eficácia ainda é questionada.
As cotas de gênero realmente funcionam?
A legislação brasileira estabelece que 30% das candidaturas devem ser ocupadas por mulheres. Essa medida busca corrigir a sub-representação feminina em eleições proporcionais, como as de vereadores e deputados. Embora tenha havido um aumento gradual no número de mulheres eleitas desde a implementação dessas cotas, o impacto ainda é limitado. Muitos partidos políticos não cumprem integralmente a lei, seja por falta de fiscalização ou por resistência cultural à entrada de mulheres na política.
Outro ponto importante é que as cotas por si só não garantem a eleição de mulheres. Segundo o Dr. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho, mesmo quando as candidaturas femininas são apresentadas, elas frequentemente recebem menos recursos financeiros e menor visibilidade durante as campanhas. Isso cria um ciclo vicioso, onde a ausência de apoio institucional impede que as mulheres conquistem espaço político. Assim, embora as cotas sejam um passo importante, elas precisam ser acompanhadas por outras iniciativas.
O que falta para as mulheres terem mais representatividade?
Além das cotas, é fundamental investir em capacitação política para mulheres. Muitas vezes, a falta de preparo técnico e estratégico afasta potenciais candidatas do processo eleitoral. Programas de formação política podem ajudar a reduzir essa lacuna, oferecendo ferramentas para que as mulheres compreendam melhor os mecanismos do sistema político e desenvolvam campanhas competitivas. Esses programas também podem servir como espaços de networking, conectando mulheres a mentores e apoiadores.

Outro fator crucial é a mudança de mentalidade da sociedade. Preconceitos culturais e estereótipos de gênero continuam sendo grandes obstáculos. Muitas mulheres enfrentam ataques pessoais, discriminação e até violência política simplesmente por serem mulheres. Para superar esses desafios, Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho ressalta que é necessário promover campanhas de conscientização que valorizem a liderança feminina e combatam narrativas machistas.
As ações afirmativas são suficientes para garantir igualdade?
As ações afirmativas, como cotas e financiamento específico para candidaturas femininas, são importantes, mas não resolvem todos os problemas. Elas atacam a questão da representatividade apenas superficialmente, sem abordar as causas profundas da desigualdade de gênero. Por exemplo, questões como divisão desigual de tarefas domésticas e falta de suporte para mães que trabalham fora dificultam a vida política das mulheres.
Por outro lado, as ações afirmativas têm um papel simbólico importante. Ao garantir que mais mulheres ocupem cargos de poder, elas inspiram outras mulheres a seguirem o mesmo caminho. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho destaca que a presença feminina em posições de liderança ajuda a desconstruir estereótipos e demonstra que a política não é um espaço exclusivo para homens. Esse efeito cascata pode ser um catalisador para transformações mais amplas, mas precisa ser constantemente reforçado.
O caminho para uma política mais inclusiva
Embora as cotas de gênero e outras ações afirmativas tenham contribuído para aumentar a presença feminina na política, ainda há muito trabalho a ser feito. As mudanças legislativas precisam ser acompanhadas por reformas culturais e estruturais que removam os obstáculos que impedem as mulheres de participar plenamente da vida pública. É necessário um esforço conjunto entre governos, partidos políticos e a sociedade civil para criar um ambiente mais inclusivo e igualitário.
Por isso, Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho conclui que a igualdade de gênero na política não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma necessidade prática. Governos mais diversos tendem a tomar decisões mais equilibradas e abrangentes, refletindo melhor as necessidades de toda a população. Portanto, investir na participação feminina é investir em um futuro mais justo e democrático para todos.
Autor: Velman Bachhuber